Por Benedita Miranda, General Manager Multilingual Region, Foundever
Liderar com propósito significa reconhecer que as empresas têm um papel fundamental na construção de um futuro mais sustentável e inclusivo. No mundo corporativo atual, o sucesso vai além dos resultados financeiros; mede-se pelo impacto positivo que geramos na sociedade. No contexto do Dia da Mulher, esta reflexão torna-se ainda mais relevante, pois evidencia a necessidade de adotar modelos de liderança que promovam a diversidade e a equidade.
Recentemente, ao ler um estudo do ISEG, deparei-me com uma estatística preocupante: a disparidade salarial entre homens e mulheres ainda chega aos 18%, podendo ser ainda maior quando fatores como idade, escolaridade e antiguidade na empresa são considerados. Estes dados reforçam a importância de uma liderança comprometida com a inclusão e a justiça social.
A minha formação base em psicologia e mais de 20 anos de trabalho no setor de experiência do cliente, tem-me mostrado que as pessoas são o verdadeiro motor de qualquer organização. Investir no seu desenvolvimento e bem-estar não é apenas uma estratégia de gestão, mas um compromisso com um impacto positivo duradouro. Criar um ambiente onde todos se sintam valorizados e tenham oportunidades reais de crescimento é essencial para construir uma cultura organizacional forte e sustentável.
No meu desafio diário de liderar equipas em 10 países tão distintos como Portugal, Roménia e Egito, vejo de perto como a diversidade potencia a criatividade e a inovação. Empresas que valorizam diferentes perspetivas tornam-se mais competitivas e preparadas para os desafios globais. A diversidade não deve ser apenas uma meta; deve estar enraizada na forma como tomamos decisões e lideramos equipas.
Além de impulsionar as pessoas dentro da organização, liderar com propósito significa assumir a responsabilidade social da empresa. Divido o meu tempo entre muitas atividades, mas uma das que mais me inspira é o trabalho desenvolvido com a Foundever.org. Através desta ONG, apoiamos comunidades em que estamos presentes, focando-nos na educação, no empoderamento e na mentoria. Para mim, unir a estratégia empresarial a um propósito é o que define uma organização de sucesso.
Um estudo recente da Randstad revelou que 39% das pessoas não aceitariam um emprego se a empresa não estivesse comprometida com diversidade e equidade. Além disso, mais de 80% afirmam que um forte sentido de comunidade melhora o seu desempenho. Isto demonstra que um tratamento justo não é apenas uma obrigação moral, mas um fator determinante para que as equipas sejam mais fortes e produtivas.
Gerir uma empresa apenas pelos números é um erro. Mais do que gerir processos e otimizar resultados, a liderança deve ser um facilitador do crescimento coletivo. Isto significa estar próximo, ouvir ativamente e criar um ambiente onde as pessoas se sintam capacitadas e motivadas para dar o seu melhor. Acreditar no potencial de cada indivíduo e proporcionar condições para que esse potencial se manifeste é o cerne de uma liderança verdadeiramente transformadora.
As mulheres que ocupam cargos de liderança continuam a desafiar barreiras e a abrir caminho para as futuras gerações. Adotar uma liderança com propósito, baseada na empatia, na escuta ativa e na capacidade de criar conexões autênticas é o verdadeiro legado de um líder, que se mede pelas vidas que transforma e pelas mudanças que inspira.




